Paris me lembrou o Rio, não sei exatamente em quê. Talvez no charme, talvez no sol, talvez no verde do Sena e no azul do céu... Talvez no seu contraste com Londres. As ruas são largas, cercadas por prédios suntuosos, todos invariavelmente do mesmo cinza amarelado e morto. Não sei... aos meus olhos Paris tem a luminosidade de Monet, mas lhe faltam as cores de Van Gogh.
As igrejas merecem um parágrafo. São todas tão lindas, tão grandes. A beleza gótica e escura de Notre Dame, o caledoscópio de luz nos vitrais da Saint Chapelle, os seios brancos recortados no céu pela Sacre Coeur... O triste é que, em todas elas, por maiores e mais belas que sejam, não se pode rezar uma missa em paz. Os turistas expulsaram o sagrado. Com suas - ou melhor, nossas - câmeras digitais de 700 fotos, posando com um sorriso de cera ao lado de túmulos, interrompendo preces, pagando um ingresso para entrar e consumindo cada centavo-centímetro do lugar, banalizando o olhar, esvaziando o sentir. Veronique e Clement que o digam - um casal que bravamente tentava se concentar no próprio casamento durante o entra-e-sai globalizado que se dava. Vocês podem me achar dramática e hipócrita, mas de fato me toca perceber que em catedrais tão grandes não caiba nem um dedinho de Deus.
A Champ-Elysee tb me passou um ar de carioquice. Com um charme meio Leblon, é claro. Lojas, cafés com mesinhas na calçada... tudo muito caro e muito lindo, de um chique displicente... O metrô, eu achei totalmente anos 70. Para quem vêm de Londres, aliás, Paris toda parece estar há alguns anos no passado. Não que isso seja ruim, não me entendam mal. É apenas diferente. Diferente o suficiente para me chamar atenção.
Acho que uma das coisas boas dessa viagem foi que eu me dei conta que tão importante quanto para onde você vai é de onde você vem.
Eu fui para Paris, mas vim de Londres.
E antes disso, fui para Londres, mas vim do Brasil.
E por isso meu olhar, ricamente contaminado, vai comparando o que não tem comparação. Vai se admirando com a diversidade e com a semelhança de cada rosto, rua, praça, de cada fim de tarde... Me impressiona muito como o ser humano pode ser tão diferente e ao mesmo tempo tão igual. Como o clima, a história, as relações nos fazem singulares em cada parte do mundo. Os textos da Psicologia sócio-histórica, apresentados para mim pela Lilian, tomam um contorno de realidade e faço das minhas andanças quase que uma pesquisa antropológica.
Na volta para casa - é... Londres agora é minha casa! - carrego uma mala pesada. Nela tem mar de Ipanema e becos de Olaria, tijolos vermelhos de Beckenham, nuvens cinzas de Londres, e agora também, estátuas, vitrais, quadros e a luz de Paris.
6 comments:
Esse ficou lindo!! Bjos, loz
OLá, Barbie!
Adorei sua descrição de Paris, e concordo com muitas coisas observadas por você. Mas volto a insistir que gostei mais de Londres. Não sei se é uma opinião contaminada pelo fato de que é a cidade em que vocês estão morando (o que a torna, de imediato, muito interessante e simpática para mim), não sei se é porque os ingleses me pareceram mais cuidadosos com seus monumentos, praças e história... Pode ser por qualquer razão, mas Londres é a minha preferida, apesar do estresse que observei nos seus habitantes e no frio constante que passamos em pleno verão londrino!!! Beijos, Mami
Amiga
ótimo texto! Boas reflexões, inclusive teoricas. Que bom q vc é psicóloga e não engenheira... rsrsrsrsrsrsrs
Bjs
Poxa, Bá... Nesse eu até chorei mesmo.
Te amo, você escreve muito bem e tem um jeito muito especial de olhar as coisas.
Contando os dias para 21 de dezembro
Beijos
Oi Babi,
Encontrei seu blog na comunidade Prazeres Amélie Poulain.
Adorei seu blog!
Que inveja!!!! BRANCA claro!De estar em Paris, adoro essa cidade!
mas Londres não fica atrás!
Virei aqui sempre!
vou te linkar ok?
bjus
Oi, Babi!
Estou com saudades de notícias no seu blog... Sei que você está com muitas atividades, trabalhando (às vezes em dois empregos, né?) e cuidando do Arthur, da casa e tudo mais. Mas não abandone seus "leitores", ok? Conte novidades...
Beijos, Mami
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