Thursday, 17 June 2010

Meus diálogos com o Eddy...

Dominada por um impulso de proporções kilométricas e por um amor de dimensões infinitas, resolvi dar um cachorrinho de presente de aniversário para o Arthur. Claro que não devo também subestimar o papel que eterna culpa desempenhou na minha decisão (como se não bastassem os inevitáveis traumas que minhas neuroses infligiram no menino, ainda arrastei o pobre pruma terra gelada e inóspita!).

O Daniel ainda avisou, e até rogou praga, de que eu iria me arrepender de não comprar um gato (segundo o meu marido, eles se auto-limpam e se auto-cuidam, só precisando ocasionalmente de você para pagar as contas).

Bem, a praga funcionou, pois uma semana e quinhentos cocôs no tapete do corredor depois, eu já estava amargamente, desesperadamente e completamente arrependida!
O bicho é uma máquina de necessidades! E - ponto comum com os gatos - ainda precisa de você para pagar as contas!!! Que não são poucas, aliás...

Como passo o dia inteiro sozinha com o Eddy, me pego tendo os mais bizarros diálogos - ou será monólogos? - com ele. Enquanto eu lavo a cotidiana pilha de louça na cozinha, reclamo sem parar - e muito entusiasticamente - do cachorro... para ele mesmo!

Lá estou eu me referindo a mim mesma na terceira pessoa como "a vovó" e dramaticamente enumerando as razões pelas quais ele merece minhas broncas e as ainda mais numerosas razões pelas quais "a vovó" nao merece ainda mais trabalho do que já tem.

E lá está ele me olhando impassível, com a cabecinha ligeiramente inclinada e sem piscar os olhos redondos, numa expressão que só posso identificar como pena de mim ou dele mesmo.

Imagino que o coitado tenta compreender porque cargas dágua eu fui tirar ele da lojinha na qual ele morava e se divertia com amigos peludos e igualmente mal-cheirosos, e até paquerava uma buldoguesinha bem feinha de cara, mas com um rabinho bem bonitinho...

Rspondendo a sua pergunta muda, penso na imensa alegria que senti ao - ainda menina - ganhar a Naná - uma poodle preta e miúda de presente dos meus pais... Penso na árvore dela, crescendo no jardim de Maricá.
Penso em um menino solitário e sensível, sem irmãos ou primos e longe dos avós e de todo o mundo que sabe o quanto ele é especial...
Penso nas risadas que já demos desde que o Eddy chegou, nas caminhadas que ele nos faz dar, nas portas da sala, que agora vivem abertas para o jardim, no convite que ele me faz a ser adulta e responsável pelas minhas escolhas e pela minha família...

- Eddy, não me leve a mal, eu sei que a vovó é chatinha, mas é só porque você nao entende, viu? A vovó te ama já, mesmo você sendo fedorendo desse jeito... - e, prendendo a respiração, dou um demorado abraço no nosso cachorrinho, porque carinho com certeza ele entende!

4 comments:

Anonymous said...

KKKKKKKKKK... rindo sozinha!!! Na minha pausa rotineira de cinco minutos da escrita da dissertação às 01:30 (BR) da madruga,li seu texto. Imagino você, amiga, conversando com o pobre do cãozinho... realmente bicho preenche um espaço enorme na nossa vida. Como eu cresci na "roça" tive todos os tipos de bichos, de cachorro a galinha d'angola, passando por uma égua chamada Melancia. E nessa questão eu concordo com o Daniel, bicho fácil de cuidar é gato, mas se ele não for com a sua cara... você só paga as contas mesmo. Já o cão é diferente, ele é mais chegado e divertido. bjs e saudade,vê se escreve mais.... Zaila

Christina Spinola Saddy said...

Olá, Bárbara!
Estou relendo o texto sobre o Eddy que vc escreveu e sinto todo o amor que transparece das palavras... Tenho muito orgulho de ser sua mãe e de ter contribuído, nem que seja um pouquinho, para que vc se tornasse esta pessoa tão especial. Bjs de saudades, mami

Unknown said...
This comment has been removed by the author.
Unknown said...

To me rachando de rir ate agora. Achava que eu era a maluca, mas to vendo que nao. Coitado do Pimpo!