Friday 22 February 2008

Uma voltinha pelos museus - Parte II

Durante minha visita aos dois Museus da Infância, senti mt falta dos meus amigos da Psicologia Escolar, os quais - tenho certeza - iriam adorar ver tudo aquilo. Graças ao que aprendi com a Lilian e com eles, pude aproveitar minha visita de um modo especial. Meu convite a uma voltinha nesses museus, portanto, vai principalmente para vcs, meus queridos...

Museum of Childhood (Edinburgh, Scoland)

A entrada parece a de uma lojinha e vc não dá nada por ela, mas, ao entrar, me senti descobrindo um tesouro. São andares e andares de pequenos aposentos com objetos, roupas e brinquedos que mostram como as crianças eram vistas e tratadas ao longo do tempo. Como foram surgindo objetos específicos para o cuidado, a higiene, a alimentação, instrução e divertimento específico delas. Dava até um arrepio na espinha passear pelos corredores repletos de brinquedos com que crianças que realmente existiram, cresceram e morreram, realmente brincaram, se divertiram e sonharam...



Abaixo, as fotos de uma "butcher's shop" (um açougue) de 1880 e uma casinha (ou melhor, uma casona) de bonecas de 1897.


As casinhas de bonecas surgiram nos séculos XVII e XVIII e serviam tanto para os adultos (os ricos, é claro) mostrarem suas coleções de objetos e mobílias (ou seja, era uma casa igual a sua casa real, mas em miniatura) como para as crianças serem instruídas no manejamento e nos serviços de uma casa. A maior que o museu possui têm 18 aposentos, água encanada, luz elétrica e uma lareira.



Museum of Childhood (London)

O Museu de Londres tem uma coleção maior, e com mais objetos recentes, como a coleção da Moranguinho, por exemplo (me deu uma vontade enlouquecida de quebrar o vidro e dar uma cheiradinha pra matar a saudade...) Tb há mt coisa pra as crianças que visitam o espaço se divertirem, como fantasias, instalações, legos até e um tanque de areia, no qual o Arthur se esbaldou (tadinho, ele devia estar com saudade de brincar na areia!).


O que eu mais gostei foram os teatros para marionetes, mas infelizmente as fotos que tirei deles não ficaram boas. Tinha um igualzinho ao do filme da Noviça Rebelde e que, como no filme, tb era usado por uma família rica para entreter os seus convidados.



Dá ou não dá vontade de brincar?


Uma voltinha pelos museus - Parte I

De uma coisa tenho certeza: sou uma pessoa bem mais culta hj do que antes de vir pra Londres. Os museus são gratuitos (alguns pedem uma doação, mas ninguém cobra por ela) e somente as exposições temporárias são pagas. Todos eles tb parecem organizar suas exposições de modo a atrair não só que já se interessa pelo tema, mas todo e qq um. As mostras convidam o visitante a participar do que está sendo mostrado, seja pela forma de perguntas, em que ele se questiona sem receber todas as respostas prontas, seja pelo convite a tocar e experimentar um pouco da sensação de viver em uma outra época ou de fazer ele mesmo, um experimento científico, por exemplo.


Uma outra coisa impressionante é que todos os museus oferecem atividades especiais e guias para crianças e excursões de escola. Eles têm até uma área especial com mesinhas para as turmas lancharem. Com essas facilidades e incentivos, vai-se formando o público futuro - e atual!- para o próprio museu.


Eu fui com o Arthur e a sua turma em uma visita a National Gallery e, por causa disso, aprendi muito sobre História da Arte. É que a guia que o museu disponibilizou para as crianças era simplesmente maravilhosa: ela escolheu umas quatro telas e foi explicando - explicando não, na verdade ela foi contando - a história delas para os alunos. Não sei sobre as crianças, mas eu adorei!



Começo então meu passeio com vcs pela:

National Gallery

Toda obra conta uma história. Essa retrata o ciclo de vida dos girassóis. Reparem que há algumas flores em botão, algumas abertas e outras já murchas.

Vcs sabiam que Van Gogh pintou 4 desses quadros, mas só assinou dois deles? O que está exposto na National Gallery de Londres está assinado. Nessa hora, a guia perguntou para as crianças por que elas achavam que ele assinou "this one".


- "Because he was happy with it." - foi a resposta - mt esperta, por sinal - de um garotinho.


Então sigam o conselho da guia e, nas suas viagens pelo mundo, se vcs virem em algum museu, um dos quadros dos girassóis, procurem a assinatura "Vincent" para saber a opinião do próprio sobre sua pintura.


Science Museum
Eu e Arthur gostamos mt do Launchpad, que é uma área de experimentação, onde as crianças - e por que não os adultos? - podem mexer em tudo e se perguntar sobre os exprimentos que realizaram. Há circuitos para serem montados, bolhas de sabão gigantes para serem assopradas, um fazedor de ondas, um fazedor de eco e mt, mt mais. Ao lado, colei uma figura da Big Machine, que foi o que o Arthur mais gostou e que mostra como as máquinas contruídas e manejadas pelo homem podem fazer as coisas se movimentarem mais facilmente (por meio alavancas, cordas, moinhos, rampas etc).

O museu tb oferece (mas aí tem que pagar!) simuladores e cinemas em 3D. Nós fomos em uma sessão de cinema 3D sobre os Dinossauros.

Vcs sabiam que o o filme em 3D são na verdade dois filmes rodando ao mesmo tempo, um para cada olho?

Vou parar "o tour" por aqui hj e continuo no próximo post, já que, infelizmente, coisas mais mundanas do que a Arte ou a Ciência me aguardam, como a louça do café da manhã, por exemplo.
Ps. Estou feliz por poder compartilhar um pouco - nem que seja bem pouco - do que estou vendo e vivendo aqui, com vcs. A próxima vez vou escrever um pouco sobre os Museus da Infância, o daqui e o de Edinburgh.

Wednesday 20 February 2008

Oh, Happy Day!!!!

O dia do meu aniversário foi cheio de surpresas.

A primeira delas apareceu quando eu estava de saída com o Arthur pro Science Museum (que por sinal, vale um post a parte). Eu apressando ele para não perdermos o trem, quando escuto uma voz - em portuguese - perguntando se eu era brasileira.
- Siiiiiiiiiiiiiiiiiiim, brasileiríssima! - e, para a minha total felicidade, a dona da voz não só tb era brasileira, como é minha vizinha. Eu moro no 5, e ela no 2.
No caminho para a estação de trem (pois ela tb estava indo pra cidade), fizemos um breve relato da vida inteira. Ela é da Bahia, casada com um inglês que ama o Brasil e tem um filho de 3 anos.
Não sei bem explicar a minha felicidade por esse encontro, mas acho que, qd vc mora fora dá uma vontade danada de encontrar um igual...

Depois de passearmos o dia inteiro no Museu, assistirmos a um filme 3D dos dinossauros (vcs precisavam ver o Arthur com aquele óculos gigante...) e encontrarmos com o Dani, voltamos pra casa bem satisfeitos... E outra surpresa: Flores me esperando enconstadinhas na minha porta azul! Um buquê gigante e lindo, com um cartãozinho da minha família querida e distante! O problema de eu não ter um vaso de flores ainda não foi solucionado, mas elas ficam bonitas mesmo no balde vermelho que eu tive que providenciar no improviso!

A última surpresa foi a quantidade de e-mails e recados no orkut que recebi desejando um feliz aniversário e tantas outras coisas boas. Fiquei - e ainda estou - emocionada de ter tanto carinho ao meu redor.

Terminei o dia comendo brigadeiro (sim, achamos leite condensado e fizemos brigadeiro!) e com o coração suspirando de satisfação...

Sunday 17 February 2008

A volta por cima do Mr. Pato

O dia lindo pedia um passeio no parque. Por dia lindo entenda-se céu azul, sol brilhando e frio de matar. Fomos os três caminhar num parque muito bonito aqui mesmo em Bromley, onde moramos.
Foi lá que vimos esse pato que, como Jesus, caminhava sobre as águas. É que o lago estava congelado.
A gente, já prevendo o que ia acontecer ao pobre coitado, resolveu filmar...
Pena que a bateria da minha câmera acabou, porque depois disso, o pato ficou nadando numa ilha de água, cercado de gelo por todos os lados. Sem saber o que fazer, olhava prum lado e pro outro, certamente pensando - em sua mente de pato - que aquele não era o dia dele...
Foi então que, surpreendentemente, ele juntou suas forçinhas e saiu correndo num impluso, gritando e agitando as asas, deixando um rastro de gelo quebrado rumo a margem...
E o mais engraçado é que depois pareceu estar comentando sua vitória com os outros patos que assistiram a cena, pois ficou um tempão de "qua, qua, qua" com eles, que por sua vez, faziam breves "qua, qua"s em resposta...

Saturday 16 February 2008

Sobre a discrepância entre a Londres - ou qualquer outro lugar - que existe fora e dentro de nós


Pego emprestadas as palavras de Proust...

"...tal como os que empreendem uma viagem para ver com os próprios olhos uma desejada cidade e imaginam que se pode gozar, em uma coisa real, o encanto da coisa sonhada."

(proust, em em busca do tempo perdido, vol. I)

Cenas do trabalho em uma escola...

Tem coisas que não mudam... Seja aqui, seja no Brasil, certas cenas parecem se repetir...

Cena 1
Primeiro dia de trabalho. Duas playworkers, sendo uma delas a supervisora, sentadas conversando enquanto as crianças se divertem by themselves... Não entendo muito do que falam (quase nada, aliás), mas posso distinguir as palavras namorado, o que vc está fazendo agora, namorado de novo... Pela velocidade com que falam e as entonações e caras que fazem, parece se tratar de algo emocionante... Não para as crianças, é claro!




Cena 2
Playstation2 ligado. Todas as crianças se amontoam no banquinho em frente ao aparelho, mesmo as que não estão jogando. Mesmo as que não vão jogar. Em mesas espalhadas pela sala, diferentes brinquedos e jogos permanecem intocados. A playworker se aproxima e pergunta a cada uma das crianças se vão querer o café da manhã. As respostas são todas negativas e os olhares, ancorados na tv. Ninguém parece estar com fome hoje...

Cena 3
Videokê ligado. Uma menina de seus 5 anos escolhe demoradamente a música que pretende cantar. Segundos depois ouve-se os primeiros acordes de “Like a virgin”, da Madonna. E a voz da menina segue, sem errar a letra: “touched for the very first time...”