Thursday 23 June 2011

While my eyes...

Aprendi a amar meu exílio
Essa Terra de Robins e sem Sabiás
Esse céu da cor do mar de ressaca
Esse frio que faz precioso o sol

O trem me leva pra longe
cada vez mais
Plantação de chaminés caladas
vidas desconhecidas
casas enfileiradas portas coloridas

Sento na grama sempre úmida do meu jardim
perfume de hortelã e manjericão
e da saudade que vem no vento
Primavera, outono, verão

A porta me chama
O cão late
O marido chega
A noite não

Tudo passa
Ontem é hoje
E já vou com o amanhã

Vou voltar pra minha casa
e deixar minha casa pra trás
mala pesada
dois corações num peito pequeno demais

Quantas vidas que não vivi?
Por uma só as deixei

No fim nada importa
Levo nas mãos outras mãos apenas
Levo nos pés o caminho

As guerras
de bola de neve,
de amoras com Arthur
conchas com Daniel
o sorriso de William
a solidão de Denise
histórias em torno de uma fogueira
e na beira de uma cama
viagens sonhadas e vividas
encontros
lugares
amigas que poderiam ter sido pra sempre

e pedaços de felicidade.