Wednesday 11 June 2008

Algumas cenas londrinas

Picadilly Circus. Trombadero.


Cercada de vídeo-games de última geração, luzes e sons por todos os lados, uma mulher coberta dos pés a cabeça por sua burca preta e opaca encosta o carrinho de bebê que empurra num canto, enfia algumas fichas no fliperama e prepara-se para a ação.




Bromley. Sábado de sol. 10 am.


O playground do parque está cheio. A grande maioria dos adultos que acompanham as crianças são pais - do sexo masculino! Nenhuma babá uniformizada a vista. Apenas duas mães conversam em um banco, enquanto homens de bermuda empurram balanços e seguram mãozinhas pequeninas no topo do escorrega. Num canto, uma mãe brasileira sorri.






Caminho da escola do Arthur. Manhãs de outono.


As árvores tiram suas folhas aos poucos. A paisagem é colorida de laranja e amarelo, algumas vezes surge, inesperado, um vermelho. Pai e filho - brasileiros - caminham em direção a rotina de mais um dia que começa. Na frente deles, passa e para o caminhãozinho do leite. Sentindo-se nas páginas de um livro infantil, eles observam quando o motorista sai do veículo de proporções também infantis para pegar uma garrafinha de vidro cheia de leite e deixá-la na porta de uma casa de tijolos marrons. Não parece nenhum pouco preocupado com a possibilidade (por qui, é melhor dizer impossibilidade) de algum ladrão chegar primeiro que o dono. Pega então mais uma de suas garrafinhas e já vai entregá-la na segunda casa, quando uma velhinha de quimono abre a porta para recebe-lo e conversar com ele. Todos os dias essa cena se repete. Se pai e filho se atrasam, pegam apenas a despedida da velhinha e seu amigo entregador-de-leite-em-garrafinhas.

Talvez um dia ainda vejam algum ladrão roubar o leite da frente de uma das portas, mas -para completar mais um detalhe da aquarela da pagina em que caminham - o gatuno será mesmo um gato: cinza, lambendo os beiços e de bigodes melados!


Tuesday 10 June 2008

How I wish you were here...

Olhando ao meu em torno, e procurando dentro de mim mesma, vejo o quanto tenho crescido... O quanto minha família de três está mais unida, o quanto os nós que nos prendem um ao outro estão apertados, firmes... Posso enxergar, com a claridade fria de um dia nublado, tudo de bom que essa experiência nos trouxe, nos traz, nos trará...

E, ao mesmo tempo, tenho comigo a saudade...
O buraquinho da falta grita no meu peito... algumas vezes, mais altas que outras...

Ele chama o nome de cada um dos meus amigos
ele cantarola MPB
ele faz as contas dos dias que faltam para a visita dos meus pais
ele fala português

ele não cala

Buraco fundo, esse...