Saturday 16 February 2008

Sobre a discrepância entre a Londres - ou qualquer outro lugar - que existe fora e dentro de nós


Pego emprestadas as palavras de Proust...

"...tal como os que empreendem uma viagem para ver com os próprios olhos uma desejada cidade e imaginam que se pode gozar, em uma coisa real, o encanto da coisa sonhada."

(proust, em em busca do tempo perdido, vol. I)

Cenas do trabalho em uma escola...

Tem coisas que não mudam... Seja aqui, seja no Brasil, certas cenas parecem se repetir...

Cena 1
Primeiro dia de trabalho. Duas playworkers, sendo uma delas a supervisora, sentadas conversando enquanto as crianças se divertem by themselves... Não entendo muito do que falam (quase nada, aliás), mas posso distinguir as palavras namorado, o que vc está fazendo agora, namorado de novo... Pela velocidade com que falam e as entonações e caras que fazem, parece se tratar de algo emocionante... Não para as crianças, é claro!




Cena 2
Playstation2 ligado. Todas as crianças se amontoam no banquinho em frente ao aparelho, mesmo as que não estão jogando. Mesmo as que não vão jogar. Em mesas espalhadas pela sala, diferentes brinquedos e jogos permanecem intocados. A playworker se aproxima e pergunta a cada uma das crianças se vão querer o café da manhã. As respostas são todas negativas e os olhares, ancorados na tv. Ninguém parece estar com fome hoje...

Cena 3
Videokê ligado. Uma menina de seus 5 anos escolhe demoradamente a música que pretende cantar. Segundos depois ouve-se os primeiros acordes de “Like a virgin”, da Madonna. E a voz da menina segue, sem errar a letra: “touched for the very first time...”