Thursday 4 August 2011

Para a bárbara bailarina

Ela andava na corda bamba. A saia de filó se abria num círculo azul, desenhando uma flor ao redor de sua cintura fina. Mais alguns passos. Não olhe para baixo. Siga sempre em frente, sempre em frente... Mas a queda sob a corda também a queria. Também ela cantava sua melodia, como uma sereia que tenta os pescadores para prazeres desconhecidos no fundo do mar. Ouvia os tambores. A respiração presa do público. E o rufar dentro seu peito. Tinha os braços esticados. Como se voasse. Só mais alguns passos. Asas prontas. E uma flor azul que plaina, levada pela brisa da primavera.

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